A leitura e a magia da espera


Encontrou em meio a tantos livros da adolescência aquele livro de bolso, do qual sequer se recordava, tampouco havia lido. Alguns livros ficavam para depois, para algum momento da vida no qual se tornariam apropriados.

Era um livro daqueles que acompanhavam revistas, como um brinde para convencer o leitor na banca de jornal por esse e não aquele outro exemplar. “A Melhor Poesia do Mundo (Poetas Estrangeiros)" teve um dia essa função.

Com o livrinho em mãos, agora havia resgatado um pedaço de sua infância que previa o momento certo para se concretizar na vida adulta. Certamente há hora oportuna para deixar-se envolver por García Lorca, Baudelaire, Fernando Pessoa. Ler e reler, na poesia é preciso, a fim de interpretar. 

O livrinho de poesias tornara-se um desafio como “Ana Terra”, fragmento de “O tempo e o vento”, de Érico Veríssimo, presente de sua tia, com a recomendação de esperar alguns anos para lê-lo. Por que o ganhara aos doze anos, então? 

Aparentemente a magia da espera e das descobertas na leitura tornava tudo mais interessante. Era como conquistar um direito, talvez até uma aptidão para defrontar certas histórias. Para ela ficara claro o quanto a leitura demarcava as fases da vida, e como mesmo a ausência do habito de ler, por alguns intervalos, tinha seu significado.


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