Liberdade de imprensa e mulher no poder estão em "The Post: A Guerra Secreta"
Um pouco de paciência nos primeiros lentos
trinta minutos de “The Post: A Guerra Secreta” irá te levar a uma história em
que liberdade de imprensa se entrecruza a um dilema ético, jurídico e econômico
no jornalismo, tendo como pano de fundo o papel feminino em uma circunstância de
poder. O contexto do filme é a participação dos Estados Unidos na guerra do
Vietnã, quando documentos ultrassecretos são trazidos à tona e revelam que,
presidente após presidente, o governo norte-americano escondeu do povo e do Congresso
que a guerra estava perdida.
Está nas mãos de uma mulher, Katharine Graham (Meryl Streep) – de quem não se espera o cargo de dona de um jornal em plena década de 1970 – a decisão de publicar ou não no Washington Post a descoberta que pode chacoalhar o país, sob pena de cometer um crime ao divulgar informações top-secret. Tom Hanks é Ben Bradley, o editor que tem nas mãos a informação de que os EUA mantiveram-se em guerra mentindo para a opinião pública, ao passo que milhares de vidas eram desperdiçadas.
A escolha por divulgar ou não a
verdade percorre conflitos sobre o que é melhor para o povo e para a
democracia, o risco de ferir a “segurança nacional” e de prejudicar os negócios
do jornal. O campo jornalístico entra no embate como quarto poder na batalha
por conservar sua vocação de “servir aos governados, e não aos governantes”.
Enquanto isso, vemos a dona do
jornal Washington Post ser colocada à prova por ser mulher. Cercada de homens,
teoricamente Katharine tem poder, entretanto sua voz não é ouvida, sua presença
por vezes é invisível. Está claro em uma das primeiras cenas, quando o editor
do Post desconsidera sua opinião mesmo sobre o caderno de fofocas, tema
considerado feminino. Mais adiante, um diretor apropria-se de seu discurso em
uma reunião, em uma espécie de bropriating.
As palavras da esposa do editor-chefe elucidam: as mulheres vivem tanto tempo sem
poder de fala, que acreditam não tê-lo. É a cultura machista nos 70.
O final da história deste longa indicado ao Oscar de 2018 para melhor filme e para melhor atriz pela atuação de Meryl Streep não será revelado neste artigo, apesar de muitos já conhecerem esse caso real. Vale assistir a caminhada dessa líder feminina, anteriormente dona de casa, que veio a se tornar uma das mais importantes mulheres no jornalismo americano e um exemplo de emancipação feminina.
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