Pensar o ser mulher
Se em um único dia do ano pararmos para pensar os
significados e lutas de “ser mulher”, o Dia Internacional da Mulher não terá sido
em vão. O que afinal significa o“ser mulher”? Uma construção social, em outras
palavras, parte da cultura na qual estamos inseridas desde a barriga de nossas mães,
quando o rosa ganha do azul a batalha da cor da parede do quarto do bebê.
Ser mulher é estar submetida a uma gama de comportamentos e
modos de aparência considerados corretos para este sexo, reproduzidos e
reforçados pela mídia e sociedade como um todo. Em contrapartida, é adquirir
conhecimento para questionar isso tudo. Mas também é conviver com uma série de lutas às
quais estamos destinadas desde a infância, quando aos meninos é permitido puxar
nossos cabelos ou empurrar-nos, pois é assim que eles demonstram estarem
apaixonados. Até a adolescência, quando um deles tenta nos beijar a força numa balada,
pois o jogo da conquista pode se dar assim. Até ser mãe, e não poder escolher
entre parto normal ou cesárea. Até a terceira idade, quando não somos opção para aquela
vaga de emprego.
Ser mulher é uma infinidade de possibilidades. É subverter o
que se espera de ser mulher. É questionar os padrões. É ver em outras mulheres
as diferenças e aquilo que nos une em essência. É reconhecer o ser humano que
somos, com direitos, desejos, fraquezas, fortalezas.
Estaremos ganhando batalhas se neste dia e em muitos outros
mulheres gordas, ruivas, índias puderem ser eleitas políticas. Se pobres,
loiras, pretas, baixas puderem andar nas ruas sem medo. Se magras, mães, com
alguma deficiência puderem ganhar o mesmo salário dos homens pela mesma função.
Se lésbicas, altas, avós, mães solo puderem
escolher ganhar uma flor no dia 8 de março. Se não formos apenas um rótulo
desses, mas quem sabe vários ao mesmo tempo, ou nenhum; se tivermos nossa
liberdade intacta, nossos corpos íntegros e respeitados, nosso dia será um ano
inteiro, até se tornar uma geração, um século, para sempre.
Daniela Agendes
Daniela Agendes
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